Entrevista com Marcus Hemerly
Um leitor assíduo, poeta inspirado, cinéfilo de carteirinha e autor de textos profundos e marcantes. Esse é o querido Marcus Hemerly, que é assumidamente apaixonado pela terra da garoa e suas histórias. Marcus é ainda, figurinha carimbada em várias lives e premiações diversas no mercado literário. Venha conhecer um pouco mais sobre esse artista singular que sempre nos surpreende com suas obras tanto no gênero poético, quanto no gênero de mistério.

QUEM É MARCUS HEMERLY?
Uma pessoa extremamente curiosa no que toca a várias vertentes da arte e conhecimento. Apesar de mais reservado e sem muita desenvoltura social de uma forma geral, alguém que gosta de trocar experiências e conhecimentos com os colegas como forma de prazer e aprendizado.
A LITERATURA CHEGOU EM QUE MOMENTO DA SUA VIDA?
Desde pequeno os livros já fascinavam pela estética o contato físico, num quê de mistério que pairava sobre as estantes da biblioteca do meu colégio. Lá, comecei a ler alguns títulos infantojuvenis da coleção "vaga lume", um pouco de poesia e romances de guerra. Posteriormente, descobriu os livros de bolso de faroeste, terror, iniciando a leitura dos romances clássicos nos anos seguintes.
VOCÊ É UM AUTOR PLURAL. COMO CONCILIAR OS DIFERENTES ESTILOS DE ESCRITA E GÊNEROS?
Uma vez tomado o caminho da criação literária, à obviedade, o autor tem uma tendência a se enveredar pelo gênero que mais lhe apetece ou naquele em que desenvolve maior desenvoltura. No meu caso, sempre tive uma facilidade mais pronunciada em textos poéticos, o desenvolvimento dos contos surgiu praticamente como que por acaso, em tom de desafio pessoal, ao qual vez por outra me lanço desde que surja uma proposta interessante, seja de antologia ou atrelada a algum tema de meu interesse, como, por exemplo, a crônica policial brasileira. O homem como ser multifacetado deve alimentar sua criatividade numa constante forma de evolução da escrita em paralelo ao seu próprio robustecimento intelectual, cenário que reflete na sua obra.
Costumo dizer, de brincadeira, que ainda estou engatinhando no que tange à minha obra em prosa, tendo em vista que não são tantos títulos de contos. De igual forma, ainda não escrevi o meu tão sonhado romance, seja por compromissos profissionais no serviço público, que é minha área de atuação, no Poder Judiciário, seja pelo estudo para concursos que, infelizmente, tenho relegado nos últimos meses mas que pretendo voltar de forma mais constantes e dedicada. Nesse passo, a escrita exsurge em feições terapêuticas, como uma necessidade para dar vazão às inquietudes que perturbam todo indivíduo, como ser complexo.
COM O ADVENTO DA ERA DIGITAL A NOVA GERAÇÃO ESTÁ LENDO MAIS?
Lendo mais, com certeza, todavia, um nível de leitura que decaiu em qualidade. As novas gerações, não raro, se perdem em meio à cultura de desinformação das fake News e, preocupantemente, cerram os olhos à boa cultura e ao conhecimento sólido, construído.
Num "bombardear" diário de informações e comunicação constante, até mesmo inoportuna, cabe a cada um se policiar para não atuar como uma engrenagem autômato na formatação líquida da sociedade contemporânea. Decerto, o acesso ao conhecimento nunca foi tão dinâmico, na minha época de pré-adolescente, o estudo e pesquisa sobre assuntos que me interessavam, ainda dependia de bibliotecas e o acesso a determinados livros que eram extremamente difíceis de serem encontrados para uma boa e vertical pesquisa.
Temas como criminologia, história do cinema e psicologia a que sempre me dediquei ou qualquer outro que possa surgir na mente inquieta, podem ser acessados imediatamente pelo telefone celular. Isso não é fascinante? De se dizer também, assustador, pois em uma era de facilidades, o conhecimento que deveria ser literalmente acessível na ponta dos dedos, se distanciar em meio às leituras inócuas.
O AUTOR ESCREVE PARA O LEITOR OU O LEITOR CONSOME O CONTEÚDO?
Já tive a chance de debater o tópico com colegas e chegamos a algumas interpretações distintas mas que sempre convergem de forma harmônica. Eu diria que o autor escreve, num primeiro momento, para si próprio, uma diversão solitária que em ulterior momento levará a alma e inclinações do autor para o leitor, que por alguma de suas peculiaridades o elegeu para ler seu trabalho. Não deve ser uma atividade artificial ou unicamente voltada para o agrado do leitor, é extremamente importante o degustar de todo o processo criativo seja premente, o que refletirá na obra e por consequência na satisfação do leitor. A arte, acima de tudo, não é apenas uma diversão ou entretenimento, mas uma fonte de autoconhecimento e compartilhamento de tal evolução de forma exterior com aquele que recebe a composição.
UM DOS SEUS HOBBIES SÃO OS FILMES ANTIGOS. ELES TE INSPIRAM?
Costumo dizer a todos que me conhecem que o cinema é uma forma de arte completa, apesar de ser autor e uma amante da literatura, desde a tenra idade, o cinema é a forma de arte que mais consumo e por qual mais me apaixonei. Completa, pois delineia a escrita, seja na forma de roteiro original ou adaptado, tracejando as nuances dos personagens de forma explícita, que depois se materializaram no talento interpretativo e roupagem concebida pelos intérpretes. Temos todo um trabalho ancorado na criação e adaptação do cenário, figurino e, para fazer uma análise bem rápida, de todo o aspecto visual e sonoplástico numa junção de artes extremamente forte. Digo forte, pois quase tomando de assalto os sentidos do espectador, essa miríade de emoções e de interação com vários sentidos despertam inúmeras fontes de inspiração que projetam ideias para futuros textos que encoravam a deriva do inconsciente.
Assistindo uma produção de terror nacional dos anos 60, 70 de Zé do caixão ou dos estúdios britânicos Hammer, um tom lúgubre de morbidez assoma como fonte inspiradora, de igual modo, durante a apreciação de um cinema mais denso e interpretativo quanto a suas feições filosóficas como o de Bergman ou a nouvelle vague francesa. Não é exaustivo mencionar novamente o caráter multidimensional das artes e as inúmeras roupagens que ela pode assumir e descortinar como fonte de inspiração.
UM LIVRO PERFEITO, NA SUA OPINIÃO.
Poderia tecer comentários sobre obras marcantes e fontes de reencontro e reanálises, desde os clássicos da filosofia e literatura, no entanto, eu cito um exemplo de livro comercial, que é uma aula de storytelling com suas técnicas e, por óbvio, talento do desenvolver da trama. Para mim, "O Exorcista", de Willian Peter Blatty, é um dos grandes romances contemporâneos, ao lado do meu queridinho "O Iluminado" de Stephen King, que conseguem cotejar sucesso comercial e qualidade artística na obra.
UMA HISTÓRIA REAL, NÃO CONTADA, QUE MERECE ESTAR NAS PÁGINAS DA LITERATURA.
Costumo dizer que a realidade anônima é fascinante e igualmente dignada de nota. Em cada morada, atrás de cada parede ou fachada institucional existem histórias, sofrimentos e interações complexas numa ramificação de sentimentos e vivência que nunca ganham a notoriedade. Os desconhecidos alojam histórias, nós mesmos, para ser mais direto, interessantes e relevantes, logo, o simples caminhar por uma avenida descortina cenários ocultos que poderiam ser retratados e o são, na literatura e artes em geral. O drama humano e as complexidades do ser racional, (e irracional), se tornam a válvula deflagradora do qualquer forma de expressão criativa.
QUEM É REFERÊNCIA PARA VOCÊ DA NOSSA GERAÇÃO?
Sempre fui uma pessoa um tanto quanto peculiar desde a minha adolescência então minhas referências são anteriores à minha geração, mas atualmente, tenho lido bastante os colegas da Aberst. Os textos têm me agradado e inspirado a dedicar-me ao aprimoramento da escrita. Temos um exemplo perfeito no lançamento da revista Mystério retrô, idealizada pelo nosso presidente Tito Prates, que sempre traz escritos de extrema qualidade, dos quais muito se depreende como forma de aprendizado, não apenas apreciação.
UMA OBRA QUE, SEMPRE QUE POSSÍVEL, VOCÊ RELÊ.
Existem vários romances que já reli durante os anos, alguns comerciais, outros clássicos. Nos últimos tempos, desenvolvi o hábito diário de ler poemas, principalmente antes de dormir, pois é cientificamente comprovado que a imersão mais etérea afeta à poesia desencadeia o relaxamento. Desde que conheci a obra de Fernando Pessoa, é uma leitura constante, pois o forte teor de provocações filosóficas que permeiam sua escrita são fontes de interpretações e consequente redescoberta continua. De igual modo gosto muito de voltar aos cantos da Divina Comédia, que além de literatura é um compêndio de referências históricas e literárias, também passíveis de releituras.
QUANDO VEMOS ALGO NOVO DO MARCUS HEMERLY?
Pretendo disponibilizar poemas na Amazon nos próximos meses fazendo uma seleção dos meus inscritos favoritos já publicados fisicamente em meu livro solo, "Verso e Prosa: Excertos de acertos", bem como um trabalho poético ainda inédito e uma coletânea de minimalismos entre microcontos, camaquianos e aldravias, que pretendo também terminar nos próximos meses. Iniciei a escrita de alguns artigos científicos gravitando em torno do direito e psicanálise em parceria com uma amiga psicanalista de balneário Camboriú, os quais também postaremos nos próximos meses, além de um trabalho de lives sobre os aspectos alhures pontuados em algumas películas cinematográficas.
PARA QUEM NÃO CONHECE SUAS OBRAS, COMO CONHECÊ-LAS?
Ainda não é muito vasto o meu acervo produtivo mais pode ser encontrado no meu site e antologias que participei nos últimos anos, desde que comecei a me dedicar à escrita de uma maneira mais constante. Segue o link do meu site, do qual consta a lista de minhas participações em antologias, livro solo e contatos pelas redes sociais.
www.marcushemerly.prosaeverso.net
Facebook Marcus Hemerly
instagram @marcushemerly_autor
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Leiam, leiam, leiam, leiam mais, e temas diversos, autores diversos e, escrevam, talvez descubram um talento que se encontrava no quarto dos fundos da mente, nos átrios do coração, nos alvéolos pulmonares e em toda a estrutura do corpo daquele que lê, sente, assimila e pode externar seu sentir na forma de arte.